Meirelles diz que criou fundo nas Bermudas para administrar sua herança

Redação PH

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Meirelles diz que criou fundo nas Bermudas para administrar sua herança

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje (6) que criou um fundo no paraíso fiscal das Bermudas para gerir parte de sua herança. Acrescentou que a aplicação dos recursos foi declarada à Receita Federal e ao Banco Central.

Um dos nomes mais importantes do governo do presidente Michel Temer, Meirelles criou o fundo em 2002 para lidar com sua herança. As informações foram divulgadas pelo site "Poder360", um dos quase 100 veículos de imprensa que analisaram milhões de documentos deste caso, batizado comoParadise Papers, sob a coordenação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ).

“Está tudo declarado, como tudo o que eu faço, não só à Receita Federal, ao Banco Central. E também qualquer movimentação. É uma entidade filantrópica. Visa investir recursos em educação no Brasil, exclusivamente”, disse em entrevista hoje (6) à rádio BandNews. O ministro da Fazenda acrescentou que, na época em que criou o fundo, morava no exterior. “Na época, dirigia uma grande instituição financeira internacional. Morava no exterior. Ela [a entidade], portanto, foi constituída no exterior”, explicou.

Paraísos fiscais

Meirelles e o ministro de Agricultura, Blairo Maggi, estão entre as dezenas de políticos mundiais ligados a empresas em paraísos fiscais, de acordo com uma investigação divulgada neste domingo simultaneamente por vários veículos da imprensa mundial.

“Foi feita uma pequena doação inicial visando constituir a entidade. E depois disso a entidade está inativa. A partir do momento que ocorrer o meu falecimento, uma parte da minha herança será doada para esta entidade para aplicar exclusivamente em educação no Brasil”, explicou o ministro da Fazenda.

Ele disse ainda que essa era a maneira “mais eficaz e objetiva” para direcionar os recursos definida por seus advogados. “As regras de aplicação são muito claramente definidas. Garantem a aplicação de recursos de herança de maneira muito eficaz”, disse.

Os documentos mostram que o contrato do fundo foi registrado no fim de 2002, a partir de uma doação de US$ 10 mil, realizada pelo próprio Meirelles, que, pouco depois, assumiu o cargo de presidente do Banco Central, no qual ficou até novembro de 2010. Meirelles disse ao "Poder360" que oSabedoria Foundationainda não recebeu ativos e que o fundo receberá parte de sua herança quando ele morrer.

Já Maggi é apontado como beneficiário final de uma empresa aberta nas Ilhas Cayman em 2010, com participação de uma de suas empresas e a holandesaLouis Dreyus, de acordo com a investigação.

Um ano antes, uma subsidiária daLouis Dreyfuse a Ammagi Exportação e Importação chegaram a um acordo para criar uma filial conjunta para atuar no mercado de grãos em quatro estados do Brasil. A filial foi registrada em um município na Bahia com o nome deAmaggi & LD Commodities, iniciando sua operação em janeiro de 2010.

Em 2010, aAmmagi & LD Commoditiesabriu umaoffshorenas Ilhas Cayman, chamadaAmmagi LD Commodities International, de acordo com o "Poder360".

A defesa do ministro negou ao "Poder360" que ele tenha recebido qualquer valor diretamente daoffshore, mas admitiu que ele é um beneficiário indireto da empresa. A investigação foi feita por 382 jornalistas de quase 100 veículos, que analisaram mais de 13 milhões de documentos que compreendem um período de quase 70 anos (1950-2016). Os documentos foram vazados de dois escritórios especializados em abriroffshores, oApplebye oAsiatici Truste.

Presidência da República

Na entrevista à rádio, Meirelles também afirmou que “não tem obsessão em ser presidente da República”. Ele disse, contudo que “tem consciência de que é presidenciável”. “Tenho consciência porque as pessoas me dizem isso todos os dias, sejam políticos, pessoas que encontro na rua. Existe uma expectativa de um certo número de pessoas”, afirmou.

“No momento, estou concentrado em colocar o país de volta ao crescimento. No futuro, vamos ver qual é a melhor maneira, se existe alguma, de servir ao país. Eu não tenho como alguns políticos um desejo específico, uma obsessão de ser presidente da República”, disse.

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