Heroína não deve “pegar” na Cracolândia, diz especialista

Redação PH

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Heroína não deve “pegar” na Cracolândia, diz especialista

A droga cara e rara no Brasil, encontrada pela primeira vez na Cracolândia, em São Paulo, deve ter vida curta na região, segundo especialistas ouvidos pelo R7. A polícia encontrou 88 gramas de heroína na semana passada com dois homens da Tanzânia. Chila Abdul e Omari Masimba foram presos em flagrante.

A polícia suspeita que os traficantes estivessem empenhados em popularizar a droga em São Paulo e também Estados Unidos e Europa. Para Elisaldo Carlini, professor titular de psicofarmacologia do Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a heroína nunca ‘fez a cabeça do brasileiro’ porque, além de cara, é uma droga que dá sono. Drogas estimulantes, como LSD, ecstasy e cocaína, são mais procuradas.

— O brasileiro gosta de festa e se droga para ficar acordado com LSD, cocaína e ecstasy. É o país do Carnaval. A heroína vem da anfetamina e causa aquela sensação de viagem, de sonhar acordado, de sonolência. Acredito que ela esteja de passagem na Cracolândia porque as pessoas ali ficam muitos dias acordadas, efeito que o crack dá porque tem origem da cocaína. Não é o perfil da Cracolândia.

No entanto, o professor explica que a heroína é facilmente viciante e, caso esteja disponível em quantidade razoável, pode cair no gosto dos usuários para ‘rebater’ o efeito do crack. Mas como se trata de uma droga cara, as chances disso acontecer são pequenas.

— É comum os usuários de crack fumarem maconha para rebater a ansiedade que o crack gera. Você usa uma pedra e logo quer outra. A maconha ameniza isso. Como a heroína é uma droga depressora, ela teria esse papel que a maconha tem atualmente.

O analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Guaracy Minguardi, explica que poucas vezes a heroína foi encontrada no Brasil e que a droga nunca ‘pegou’.

— Não temos histórico de drogas injetáveis, além de ser muito cara, porque vem de longe. Acho difícil a heroína se popularizar aqui. Mas as autoridades precisam ficar em alerta para uma campanha imediata caso aconteça mais alguma apreensão. Esses traficantes não deviam estar vendendo ali na Cracolândia, mas usando o espaço como dormitório. Porque a droga que circula ali é de má qualidade e barata.

Minguardi alertou que a entrada da droga indica ainda uma fragilidade nas fronteiras brasileiras.

— O Brasil tem um território enorme e recebe muita coisa de países vizinhos. Essa apreensão indica uma necessidade maior de combate ao tráfico internacional nas fronteiras, que seria de responsabilidade da Polícia Federal.

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