Grupo Flor Ribeirinha completa 25 anos de cultura durante festival na França

Grupo Flor Ribeirinha completa 25 anos de cultura

Grupo Flor Ribeirinha completa 25 anos de cultura durante festival na França

O grupo Flor Ribeirinha de São Gonçalo beira rio, que participa do 30º Festival internacional de Folclore de Martigues, na França com o espetáculo Mato Grosso Dançando o Brasil, completa neste sábado, 25 anos de fundação.

O grupo foi idealizado pela mestre da cultura, Domingas Leonor da Silva, que fundou a Associação Cultural Flor Ribeirinha, com o objetivo de trabalhar no resgate, manutenção e a difusão da cultura popular, notadamente o siriri, além do cururu e de outras formas de expressão da cultura regional de Mato Grosso

O grupo nasceu na comunidade histórica de São Gonçalo beira rio, onde a sua população vivencia e preserva as tradições cuiabanas nas celebrações das festas tradicionais de santos, na produção da cerâmica, comidas típicas, na confecção da viola de cocho e outras atividades que simbolizam a cultura regional.

Conforme a presidente e fundadora do grupo Flor Ribeirinha, Domingas Leonor da Silva, durante toda a trajetória, ela já enfrentou muitas dificuldades e barreiras, para alcançar o patamar atual. Segundo ela, havia muito preconceito com as danças regionais, o que dificultava receber apoio.

“Mas nunca perdí a minha fé e esperança. Continuei lutando dia a dia, para que os nossos valores culturais não fossem esquecidos. Nosso grupo evolui bastante, mas nunca deixei de manter o nosso modo de vida ribeirinha, com os nossos costumes e as nossas tradições”, disse ela emocionada.

Avinner Augusto, diretor artístico, coreógrafo e neto de Dona Domingas, relata que conseguiu acompanhar a transição do grupo nos últimos dez anos. Ele frisou que o grupo além de se apresentar em festas religiosas na comunidade, começou a se apresentar em outros locais públicos e buscar novas oportunidades, através dos eventos.

“Começamos a agregar pessoas e os próprios moradores da nossa comunidade que ficavam escondidos. Felizmente, as pessoas passaram a se interessar em conhecer de perto a nossa cultura. Muitos tinham vergonha do siriri, por falta de entendimento sobre a nossa dança”, lembrou.

Quanto a evolução do grupo, o coreógrafo explicou que o grupo passou a fazer um trabalho de pesquisa em relação as danças, vestuários e instrumentos utilizados.

“Passamos a observar outros grupos e o modo de produzir os espetáculos. O objetivo é manter sempre a nossa cultura cuiabana e também mostrar o recorte da cultura de outras regiões do nosso país”, argumentou Avinner.

O grupo Flor Ribeirinha vem divulgando a cultura popular não somente no estado, mas também no país e em outros continentes.

O diretor Administrativo do grupo, Jeferson Guimarães Rosa, enalteceu o apoio recebido dos parceiros. “Agradeço a Deus pela existência do grupo e por todos estes anos de luta e de glória”enfatizou.

O Flor Ribeirinha já participou de todos os festivais de siriri em Mato Grosso. O primeiro convite para se apresentar fora do estado, foi no Festival de Santa Catarina e depois em Minas Gerais. O grupo se apresentou no evento Goal to Brazil, em Lima no Peru e em Assunção, no Paraguai.

O grupo continuou rompendo fronteiras, foi convidado para se apresentar na França e na Itália. Posteriormente, foi para a Coreia do Sul, onde conquistou o segundo lugar na competição com vários países.

No ano passado, se consagrou campeão mundial na Turquia com o espetáculo “Mato Grosso Dançando o Brasil. Este ano, se apresentou na Rússia e continua em turnê pela Europa.

Histórico – O grupo Flor Ribeirinha nasceu em julho de 1993, em São Gonçalo, comunidade que foi fundada no século XVIII, no território Coxiponés.

O grupo trabalha a dança típica mato-grossense, realizada há mais de 200 anos, que reflete o multiculturalismo brasileiro formado por índios, negros, portugueses e espanhóis. Em suas apresentações, o grupo manifesta, uma coreografia diversificada, melodias alegres e letras que têm como mote a vida ribeirinha e as tradições religiosas.

O coro é próprio da música ameríndia, com clara influência, repleta de sentimento religioso dos colonizadores. O ritmo é contagiante, harmonizado e marcado pela batida da viola de cocho, do mocho e do ganzá, os instrumentos de percussão são heranças da música africana.

O Flor Ribeirinha efetivou um trabalho de preservação do siriri, cururu e do rasqueado, importantes manifestações culturais de Mato Grosso, levando para outros estados e países, o brilho e a riqueza da cultura popular.

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