Futebol americano conquista coração de brasileiros e público cresce 800% na TV

Redação PH

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Futebol americano conquista coração de brasileiros e público cresce 800% na TV

Locutor das partidas da NFL (liga nacional de futebol americano) na ESPN há sete anos, Everaldo Marques diz ter ficado emocionado ao ver duas pessoas comentando um jogo recente narrado por ele em uma padaria.

— Fizemos um trabalho de formiguinha. Quando começamos, em 2006, recebia uns 250 e-mails após as transmissões pedindo apostilas explicando as regras do jogo e ficava até tarde mandando. Durante a última partida que transmitimos (no domingo passado), ficamos em primeiro lugar nas citações mundiais do Twitter e recebemos quase 50 mil mensagens — exemplifica Marques.

Cada vez mais pessoas estão se interessando por encarar uma transmissão de futebol americano. Segundo dados do Ibope, a média de público da temporada 2013/2014 da NFL foi de 123 mil pessoas por jogo, contra 53 mil da anterior. A ESPN exibiu 92 partidas na temporada retrasada e chegou a 114 na passada e na atual.

— Por muito tempo, as transmissões do futebol americano tiveram baixa audiência. Há seis anos, começamos a investir para explicar melhor o esporte para o fãs. É muito difícil gostar de algo que você não conhece. Colocamos tutoriais no nosso site e lançamos o programa “The book is on the table”. E, nos últimos três anos, nossa audiência aumentou 800% — afirma German Von Hartenstein, diretor-geral da ESPN no Brasil.

Para os que se perdem diante de tantos jogadores grandalhões se digladiando em um campo atrás de uma bola oval, Everaldo dá o beabá do esporte:

— Ele é um jogo de conquista de território. É preciso entender como a bola avança e como se pontua. Cada time tem quatro jogadas para fazer a bola avançar, correndo ou lançando. O objetivo é atravessar o campo (que tem 100 jardas) com a bola e, assim, fazer um touchdown, que vale 6 pontos.

A NFL tem 32 times, divididos em dois grupos. Apenas um de cada lado vai ao Super Bowl, a final da liga. Cada time, explica Marques, tem 22 jogadores: 11 no ataque e 11 na defesa. Entre cada jogada, os times têm 40 segundos para fazer as substituições que julguem necessárias e planejar as ações seguintes:

— Costumo dizer que o futebol americano está mais perto do xadrez do que do MMA. Existem centenas de jogadas diferentes que fazem parte de um plano de jogo. O técnico decide qual deve ser acionada, passa o código para o quarterback (vide glossário ao lado) por um ponto eletrônico, e ele distribui a informação para o resto do time. As jogadas são treinadas com semanas de antecedência.

Cada partida tem quatro tempos de 15 minutos. Mas as transmissões acabam durando três horas e meia, por causa de interrupções.

— O relógio para muito. Quando o lançador faz um passe, e a bola cai no chão, o cronômetro para e todo mundo se arruma de novo — explica o narrador, fazendo uma consideração: — Talvez a popularidade do futebol americano aumentasse ainda mais se as TVs abertas também transmitissem os jogos, mas acho difícil que isso aconteça, por causa da longa duração das partidas.

Transmitido pelo canal aberto NBC nos Estados Unidos, o Super Bowl do ano passado foi visto por 111,5 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nielsen. Foi a maior audiência da história da televisão americana.

A ESPN exibe o Super Bowl deste ano no próximo domingo, a partir das 19h, direto do University of Phoenix Stadium, no Arizona. Everaldo estará in loco com os comentarista Paulo Antunes e Johnny Mitchell (ex-jogador da NFL), além do repórter André Kfouri. O intervalo terá shows de Katy Perry e Lenny Kravitz.

A final será entre o New England Patriots, time de Tom Brady, marido de Gisele Bündchen, e o Seattle Seahawks, equipe campeã do ano passado, onde joga o incensado quarterback Russell Wilson.

— Desta vez, não tem favorito. O Seattle tem uma defesa muito forte e o England tem quarterbacks e um técnico muito poderosos — acredita Marques.

O canal também transmitirá a partida ao vivo, a partir das 21h, em 50 salas de cinema de 20 cidades do Brasil.

— No cinema, a transmissão terá uma pegada diferente, mais cinematográfica, com ainda mais emoção e brincadeiras com quem estará nas salas — adianta Von Hartenstein.

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