Fevereiro Roxo esclarece sobre lúpus, fibromialgia e Alzheimer

Fevereiro Roxo esclarece sobre lúpus, fibromialgia e Alzheimer
O mal de Alzheimer é uma das formas de demência que traz perdas cognitivas - Foto: Arquivo/Agência Brasil

Fevereiro Roxo esclarece sobre lúpus, fibromialgia e Alzheimer

Podendo permanecer sob controle, apesar de incuráveis, mal de Alzheimer, lúpus e fibromialgia são a ênfase do Fevereiro Roxo.

Cada uma dessas patologias apresenta características específicas, mas em comum, as três requerem tratamento constante e monitoramento por parte do paciente para que, adotando cuidados adequados, consiga manter a qualidade de vida e retardar sua evolução.

Apesar da imunidade do corpo ser essencial para sua sobrevivência, o seu funcionamento exagerado pode provocar doenças como o lúpus que, sendo autoimune, causa fadiga, febre, dores articulares e musculares, inchaços, queda de cabelos e aftas, entre outros sintomas e acomete mais mulheres do que homens, conforme explica o reumatologista do Centro de Especialidades Apoio e Diagnóstico Albert Sabin (Ceadas) Maurício Raposo:

“A população com herança negra, como a maioria dos brasileiros, está mais suscetível a essa doença.

Ela ocorre com mais frequência em mulheres do que em homens. Porém, quando acontece com eles, aparece de forma mais intensa. Em geral, ela surge por volta dos 30 anos, mas é possível que atinja crianças e indivíduos com mais de 60 anos”.

Hábitos saudáveis como exercícios físicos, cuidados com os dentes, vacinação em dia, sono regular e realização de exames preventivos facilitam o controle da enfermidade quando esta ocorre.

“Não há prevenção para o lúpus. Então, ao se reconhecer seus sintomas, é importante que a pessoa procure um médico para uma investigação mais acurada”, recomenda o reumatologista.

Raposo esclarece que a cura do lúpus ainda não é conhecida, mas é possível mantê-lo sob controle. “O lúpus é uma doença que pode atingir vários órgãos, se diferenciando em cada pessoa, sendo que uma pode apresentar maior envolvimento dos rins, outra, do cérebro ou pulmões. Quase qualquer tecido pode ser alvo de autoimunidade, dependendo do tipo de anticorpo que o paciente usa para reagir”.

Ele descreve que o tratamento do lúpus começa na promoção da saúde, a partir do estilo de vida que o indivíduo tem. Se necessário, segundo o reumatologista, podem-se lançar mão de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios e antidepressivos, além de apoio psicológico.

“O uso de medicação deve ser na menor dose e pelo menor tempo possível. Nosso foco deve ser manter ou, até, melhorar a qualidade de vida que o paciente tinha antes do início dos sintomas”, frisa Raposo.

Outra doença incurável, mas que, sob cuidados, pode ser administrada de forma a comprometer o mínimo possível a qualidade de vida de seu portador, é a fibromialgia. De acordo com o reumatologista, ela se caracteriza por dor intensa e difusa, espalhada por todo o corpo:

“Se formos medir em uma escala de zero a dez, a dor provocada pela fibromialgia fica entre sete e dez e aparece acima e abaixo da cintura, do lado esquerdo e do direito, por um tempo maior do que três meses”. Fadiga, distúrbios de sono, de atenção e de memória, ansiedade e depressão são outras reações apresentadas pelo paciente de fibromialgia. Ainda podem ocorrer intestino preso ou cólicas e, mesmo, aumento de evacuações.

“Alimentação saudável, atividade física constante e bem estar emocional são fatores que diminuem as chances de aparecimento da fibromialgia. Ela acontece mais em mulheres do que em homens, especialmente nas que estão em idade produtiva, mas pode ocorrer em crianças e em idosos”, observa Raposo. Segundo ele, antes de diagnosticar a fibromialgia é preciso averiguar e excluir outras hipóteses: “A fibromialgia é o diagnóstico que resta depois que outras possíveis causas de dor são avaliadas e descartadas”, acentua.

Atualmente o principal tratamento para a fibromialgia, conforme o reumatologista, é o estímulo ao equilíbrio muscular por meio de exercícios físicos, aliado a psicoterapia de apoio. Em algumas situações pode ser importante o uso de antidepressivos, analgésicos e relaxantes musculares, já que essa patologia envolve as substâncias químicas que o cérebro produz para ajustar sensibilidade dolorosa e emocional, hormônios, gasto de energia com o metabolismo e herança genética.

Mais uma doença que não teve, até o momento, sua cura descoberta, o mal de Alzheimer afeta, principalmente, idosos acima de 65 anos, sendo degenerativa e com evolução lenta e progressiva. Atrofia do cérebro e declínio global das funções mentais, como memória, raciocínio, linguagem, planejamento e julgamento são alguns dos sintomas dessa enfermidade, de acordo com o neurocirurgião do Ceadas Gabriel Chaves da Silva.

“As causas do Alzheimer ainda não foram totalmente elucidadas. Contudo, hoje admite-se que haja uma propensão genética, que ocasiona acúmulo de uma proteína chamada beta amiloide no interior dos neurônios, dificultando sua função e causando a neurodegeneração”, assegura o neurocirurgião.

Considerada a principal causa de demência no mundo, para ser diagnosticado, o Alzheimer requer uma ampla avaliação médica, já que, conforme o neurocirurgião, não existe um simples exame que indique que o indivíduo é portador da patologia. A investigação exige exames neurológico e de sangue, testes cognitivos que dimensionem memória e pensamento e, ainda, imagiologia cerebral – que consiste na utilização de imagens por meio de processos que retratam a estrutura do corpo em detalhes. Também se observa o histórico familiar do paciente.

“A demência é um conjunto de sintomas relacionados à deterioração das capacidades intelectuais da pessoa. Ela caracteriza-se por alterações na memória, principalmente para fatos recentes e mudança de comportamento, em que seu portador apresenta agitação, alucinação e perda da inibição. A capacidade intelectual também é atingida, quando ficam comprometidos raciocínio lógico, linguagem, escrita, organização de pensamento e interpretação dos estímulos visuais, entre outras áreas”, detalha Chaves.

Obesidade, hipertensão, tabagismo, diabetes, doenças cardiovasculares, idade acima de 65 anos e incidência da doença em parentes de primeiro grau são fatores de risco para o Alzheimer. Por outro lado, para prevenir a enfermidade ou retardar sua progressão, o médico aconselha alimentação saudável, prática de exercícios e atividades que estimulem o cérebro e a cognição, como estudo, aprendizado de novos idiomas e de instrumentos musicais.

“Embora, atualmente, não existam tratamentos disponíveis para impedir os danos cerebrais causados pelo Alzheimer, diversos medicamentos podem ajudar a melhorar temporariamente os sintomas da demência, pois funcionam aumentando os neurotransmissores no cérebro”, pontua Chaves. Ele ressalta que o uso de sistemas de apoio e intervenções comportamentais não farmacológicas pode melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de demência e de seus cuidadores e familiares como, por exemplo, educação sobre a doença, criação de uma equipe para suporte e coordenação entre profissionais da saúde no atendimento ao paciente e incentivo a que ele participe de atividades que podem provocar melhora do humor, controle da agressividade e diminuição da agitação e insônia.

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