Ex-baterista que mora na rua é levado para hospital psiquiátrico

Redação PH

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Ex-baterista que mora na rua é levado para hospital psiquiátrico

O ex-baterista Wigberto Rodrigues da Silva, que tem problemas psiquiátricos e é suspeito de agredir pessoas nas ruas de Niterói, foi acolhido na manhã desta quinta-feira (9) em uma ação das secretarias de Ordem Pública, Saúde e Assistência Social de Niterói.

Guardas municipais o encontraram e o encaminharam para 77ª DP, onde as secretarias de Saúde e Assistência Social foram informadas. Segundo a Seop, Wigberto estava calmo, tocou violão e aceitou prontamente acompanhar os guardas.

Segundo a prefeitura de Niterói, profissionais da Saúde Mental levaram um violão para facilitar a aproximação e, após um primeiro atendimento, o músico foi encaminhado ao Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, onde será avaliado e recebendo acompanhamento e tratamento necessário.

'Swing nas mãos'

Wigberto ficou conhecido nos anos 1980 pelo talento e “swing nas mãos” tocando com músicos que fazem sucesso até hoje. Artistas da região afirmam que Wigberto participou de diversos shows com referências da música brasileira como Celso Blues Boy e Tim Maia. Ele também, segundo amigos, fez uma participação no filme 'Bete Balanço', escrito e dirigido por Lael Rodrigues e estrelado por Débora Bloch em 1984.

Amigos e conhecidos lamentam a situação atual do baterista. O também músico Zélly Mansur, de 53 anos, mora em Angola atualmente, mas viveu em Niterói por 35 anos. Durante muito tempo foi amigo de Wigberto e fizeram shows juntos na noite da cidade. Ele afirmou ao G1 que após algumas brigas familiares, o companheiro chegou a se hospedar na sua casa por volta de quatro meses.

“Eu prometi duas semanas, mas ele acabou ficando quatro meses, tive até problemas com meus pais que começaram a reclamar. Depois de um tempo que ele saiu lá de casa, ele foi para a rua e a cabeça dele foi desparafusando devagar. Então ele foi perdendo a sequência lógica de raciocínio e começava a se perder nos assuntos. Ele realmente tinha muitos problemas pessoais e depois foi para a rua. Tornou uma bola de neve gigante”, disse Mansur.

Agressão

Na segunda-feira (6), uma jovem de 16 anos foi empurrada da bicicleta enquanto se preparava para ir à escola, por volta das 7h. Wigberto é suspeito e teria sido inclusive flagrado num vídeo de circuito de segurança. A mãe da vítima, Karla Ribeiro, afirmou que ele teria dado um soco na adolescente e corrido em seguida, sem tentar roubar nada.

“Ele está descontrolado, a princípio ele não tinha atacado ninguém até então. Ele deu o soco e fugiu. Ele não pegou nada da minha filha, falaram que ele era baterista de uma banda e começou a morar na rua. É um perigo ter ele desse jeito na rua”, contou.

Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias da agressão. A vítima foi ouvida e agentes realizam diligências em busca de informações que ajudem a identificar a autoria.

O G1 percorreu padarias que ele costuma pedir café da manhã, pontos que ele costuma frequentar e conheceu a psicóloga Angélica Blanchart. Ela acompanhou o caso de Wigberto há alguns anos e disse que o ex-paciente nunca foi agressivo, mas tem algumas complicações mentais.

“Eu tenho medo que as pessoas entendam errado, porque se acharem ele vão prender, levar ele para a cadeia e podem até bater nele. A polícia tinha que pegar ele e levar para algum lugar onde ele possa se tratar. Ele não é bandido ou criminoso, ele é doente e precisa de ajuda. Quem achar ele, tem que chamar o SAMU e pedir para levar para algum lugar onde podem tratar dele”, afirmou Angélica.

Wigberto foi encontrado na quarta-feira (8) na Rua Moreira César em frente a um prédio. Muitos moradores da região já conheciam ele e paravam para perguntar como ele estava já que apresentava alguns machucados no rosto. Após alguns minutos, a terapeuta ocupacional Lucimara Pinheiro, de 53 anos, foi surpreendida ao tentar oferecer ajuda. “Eu ofereci dinheiro para ele comer alguma coisa, mas ele me pediu um caderno e uma caneta. Eu não entendi e ele disse que ia escrever uma música para mim. Eu não sabia que ele é músico, Também me pediu uma Coca-Cola, mas pediu para eu comprar porque não deixam ele entrar na padaria”, afirmou a moradora de Icaraí.

Último tratamento

Luiz Adriano Godoy, de 42 anos, é psicólogo do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) Herbert de Souza – instituição que faz parte da saúde pública de Niterói – e foi a última pessoa que acompanhou o tratamento do músico. Ele afirmou que “ele recebia um tratamento, mas não ficava internado. Quando ele voltou para a rua nunca mais voltou. Ele está sumido [do Caps], mas precisa sair da rua”.

Homem anda com caderno que ganhou para compor música (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)

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