‘Essa estrada entra em área indígena’, diz líder Enawenê-nawê sobre pedágio

Redação PH

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‘Essa estrada entra em área indígena’, diz líder Enawenê-nawê sobre pedágio

Os índios da etnia Enawenê-Nawê, que há aproximadamente um mês têm cobrado pedágio de todo tipo de veículo que passar pela BR-174, alegam que a cobrança é feita no trecho entre Juína(cidade a 737 km de Cuiabá) e Vilhena, em Rondônia, porque a estrada federal passa por dentro da terra indígena ocupada por eles, com mais de 742 mil hectares.

Entre Juína e o estado de Rondônia, a BR-174 tem 120 quilômetros de extensão sem pavimentação, passando pela terra indígena Enawenê-nawê. É neste trecho que motoristas têm se deparado com um bloqueio (feito por uma corrente atravessando a pista), ponto no qual os índios da aldeia Halataikiwa cobram o pedágio.

Os índios pedem o pagamento de R$ 20 para motocicletas, R$ 50 para carros e caminhonetes e R$ 100 para ônibus e caminhões. Mediante pagamento, os índios entregam um recibo que contém endereço, nome da aldeia e até telefones de contato. Com esse papel é possível passar pelos outros dois trechos de cobrança sem ter que entregar dinheiro. No entanto, ao retornar, é necessário pagar novamente o valor de R$ 50.

Neste local, no último dia 9 os amigos Genes Moreira dos Santos Júnior, de 24 anos, e Marciano Cardoso Mendes, de 25, foram sequestrados por índios que mantinham o bloqueio depois de um desentendimento devido ao pedágio. Seus corpos foram entregues somente três dias depois e a Polícia Federal (PF) investiga três índios suspeitos de terem cometido as execuções. Os índios da aldeia local também são investigados por receptação de caminhonetes roubadas em Cuiabá; segundo a Polícia Civil, eles usaram dinheiro em espécie para comprar pelo menos quatro caminhonetes de uma quadrilha.

A cobrança do pedágio tem revoltado os motoristas que trafegam pela região noroeste de Mato Grosso. Na última semana, a reportagem da TV Centro América percorreu o trecho da rodovia BR-174 para mostrar a prática dos índios. Ao saber da presença da reportagem, um líder dos Enawenê-nawê, que não se identificou, procurou a Fundação Nacional do Índio (Funai) para que intermediasse uma conversa com a equipe de reportagem. Por telefone, ele defendeu a cobrança do pedágio.

“Nós, Enawenê-nawê, ficamos pacíficos com os brancos. Ninguém mexe com os brancos. Essa estrada entra em área nossa, área indígena. Entra em área indígena sem licenciamento. Por isso, nós cobramos”, afirmou o líder.

Procurada, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que o trecho do bloqueio é uma ramificação sem pavimentação da BR-174 que mantém o nome da rodovia, mas que não dispõe de posto para fiscalização. Além disso, a PRF informou que não dispõe de reforços para enviar ao local do bloqueio indígena.

A reportagem também procurou a PF para tratar do bloqueio, mas não conseguiu contato com a assessoria de imprensa. A assessoria de imprensa da Funai também não atendeu aos telefonemas da reportagem.

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