Especialistas expõem propostas para fortalecimento da pecuária

Redação PH

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Especialistas expõem propostas para fortalecimento da pecuária

Pesquisadores de renome nacional da pecuária, assim como os principais representantes do setor em Mato Grosso, abriram o 8º Simpósio Nutripura na manhã desta sexta-feira (02.06), em Rondonópolis (MT). Diante de um público de cerca de 500 pessoas, eles debateram desafios e estratégias necessários ao incremento responsável da pecuária para os próximos anos compondo uma mesa redonda com o tema “Pecuária: vamos construir o futuro juntos”. A necessidade de pensar o setor sempre com vistas ao mercado foi a deixa do diretor da Nutripura, Roberto Aguiar, ao dar as boas-vindas aos participantes do simpósio.

“Precisamos olhar para o futuro do nosso mercado da pecuária brasileira, mato-grossense. Para isso, preparamos uma programação muito bacana, com assuntos pertinentes para serem discutidos. Sabemos que precisamos vivenciar, ver para aprender e essa é a nossa proposta para melhorarmos o futuro”, anunciou Aguiar.

Conduzida pelo jornalista Tobia Ferraz, do Canal Terra Viva, a Mesa Redonda explorou o conhecimento de cada um dos debatedores. O professor doutor da Universidade de São Paulo, além de membro do Conselho Nutripura, Moacyr Cosri, tocou em um ponto fundamental para o estabelecimento de estratégias que garantam maior rentabilidade à pecuária: o conhecimento de dados do setor.

“O maior gargalo da nossa pecuária é a falta de criatividade, com base no conhecimento dos dados, para ampliar a produtividade e, consequentemente, a lucratividade. Não há coleta de dados, e isso nos torna muito vulneráveis, expostos a qualquer variação econômica. É necessário alguém que interprete esses dados para utilizá-los com competência para que se faça gestão do negócio”, ponderou o pesquisador.

Na mesma linha de raciocínio, o vice-presidente do Sistema Famato/SENAR-MT/IMEA, Francisco Olavo de Castro, falou sobre a importância de reduzir a resistência do pecuarista às novidades tecnológicas do setor. “O pecuarista é muito tradicionalista, mais refratário às novidades do que o agricultor. Pensa pouco em arriscar. Fala se aproximar mais do conhecimento para entender que é necessário o investimento em melhoramento genético, por exemplo. Pode ser alto, mas está garantindo a sobrevivência dele no mercado para os próximos anos, vai colher lucratividade no futuro. É preciso esclarecer, participar muito de simpósios, adquirir conhecimento e arriscar”.

O presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Marco Túlio, também destacou a relevância da busca por informação pelo pecuarista. “Buscar aumentar a produtividade é isso aqui. A gente precisa sair da zona de conforto para conseguir resultado. Precisa fazer sim o dever de casa, se organizar, buscar números, sobretudo em situações ruins como tivemos no ano passado, com todas as variações políticas e econômicas que enfrentamos. Ainda assim, percebemos que esse é um setor que ainda tem condições de crescer mesmo num momento de crise. Mercado existe, o consumidor quer todo dia um produto melhor e tem a satisfação pessoal de consumir com qualidade. E é para oferecer esse produto que temos que buscar. Por isso, parabenizo a realização de eventos como esse”.

Focado na qualificação profissional dos responsáveis por ampliar a produtividade e rentabilidade da pecuária, o diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Luís Gustavo Nussio, demonstrou a preocupação com a falta de formação continuada de engenheiros agrônomos, veterinários e demais trabalhadores do setor.

“Vimos hoje cedo, no noticiário, que o setor continua sendo o responsável por fazer com que o PIB (produto interno bruto) brasileiro cresça, mas a condição estrutural que temos na economia, que não se reverte para a educação da agropecuária, pode fazer com que isso deixe de acontecer no futuro. Se o setor da agropecuária faz riqueza, mas nada dessa riqueza é revertida na educação continuada de quem opera esse setor, ou seja, para os recursos humanos, não vejo um grande incremento pela frente. Ainda falta competência no campo, precisamos ter um investimento em recursos humanos e o setor empresarial precisa tratar desse assunto com protagonismo para podermos avançar”, concluiu o professor doutor.

Também fez parte da discussão Fernando Sampaio, responsável pelo programa que une governo, iniciativa privada e a sociedade organizada em Mato Grosso, chamado de Estratégia PCI – Produzir, Conservar e Incluir. Ele lembrou alguns desafios para que haja a manutenção e a expansão de mercado da pecuária aliados à sustentabilidade.

“Analisando o cenário rural, temos a necessidade de aumentar a produção ao mesmo tempo do desafio de implementar o código florestal para conservar. A pecuária é uma atividade que tem crescido mesmo reduzindo área. A eficiência das fazendas você amplia com acesso à informação, à tecnologia, à segurança jurídica, fazendo o cadastro ambiental. Essa agenda está sendo construída. Acho que o aspecto importante é o mercado. Aumentar o mercado é importante, valorizar a produção, o que vai puxar essa eficiência toda”.

A programação do 8º Simpósio Nutripura conta ainda com uma série de palestras com especialistas nacionais e internacional do setor pecuário ao longo do primeiro dia. Já neste sábado, os inscritos participam de um Dia de Campo como parte prática da programação. Terão a oportunidade de conhecer o modelo do sistema de produção desenvolvido no Centro de Pesquisas Nutripura, localizado em Pedra Preta (MT).

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