Dólar opera em alta e chega a bater R$ 3,75; contas públicas preocupam

Redação PH

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crise econômica pode trazer oportunidades de investimento, avalia especialista

Dólar opera em alta e chega a bater R$ 3,75; contas públicas preocupam

O dólar subia quase 2%, batendo o patamar de R$ 3,75 nesta quarta-feira (2) pela primeira vez desde o fim de 2002, pressionado por preocupações com as contas públicas do Brasil e o risco de o país perder o selo internacional de bom pagador.

Às 12h10, a moeda norte-americana subia 1,64%, a R$ 3,7488 para venda. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana atingiu R$ 3,7571, maior nível intradia desde 13 de dezembro de 2002 (R$ 3,7750).

Veja a cotação ao longo do dia:

Às 9h09, subia 1,24%, a R$ 3,7338.
Às 9h39, subia 0,7%, a R$ 3,7138.
Às 9h50, subia 0,3%, a R$ 3,6993.
Às 10h20, subia 0,89%, a R$ 3,7210.
Às 11h, subia 1,13%, a R$ 3,7298.
Às 11h30, subia 1,63%, a R$ 3,7482.
Às 11h40, subia 1,73%, a R$ 3,7519.

"Tanto na política quanto na economia, a situação está muito difícil. É provável que o dólar suba ainda mais", afirmou o superintendente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca, que espera que a moeda norte-americana se aproxime de R$ 4 nas próximas semanas.

Na segunda-feira (31), o governo enviou ao Congresso proposta para o Orçamento de 2016 prevendo gastos maiores do que receitas, acontecimento inédito. Operadores entenderam que a decisão aumenta a chance de o Brasil perder seu selo de bom pagador nos próximos meses, o que pode provocar fuga de capitais do país.

Essa perspectiva vem levando investidores a vender ativos denominados em reais, pressionando o câmbio. O movimento resistia mesmo à queda do dólar em relação a outras moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano, um respiro após fortes altas recentes provocadas por preocupações com a desaceleração da economia chinesa.

A atuação do Banco Central também tem sido um foco importante para o mercado, que questiona se pode aumentar sua intervenção no câmbio para desacelerar o avanço da moeda norte-americana. Cotações mais altas tendem a pressionar a inflação ao encarecer importados.

"A questão é que o BC não vai usar armas poderosas demais, como leilões (de dólares) no mercado à vista, porque aí a sinalização vai fazer o mercado testar a disposição dele (de intervir cada vez mais)", afirmou o operador de um importante banco nacional.

"Mas, por outro lado, os leilões de linha não têm grande impacto no mercado, e ele (o BC) já está rolando totalmente o lote de swaps", acrescentou.

Intervenção do BC no câmbio

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 9,45 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou 915 milhões de dólares, ou cerca de 10% do total de US$ 9,458 bilhões e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.
Na segunda-feira, o BC fez leilão de venda de até US$ 2,4 bilhões com compromisso de recompra, mas não anunciou outros até agora.

Véspera

Na véspera, o dólar chegou a atingir R$ 3,7040 durante a tarde, maior nível intradia desde 13 de dezembro de 2002 (R$ 3,7750), em meio ao nervosismo com a possibilidade de o Brasil perder seu selo de bom pagador nos mercados.

A moeda norte-americana subiu 1,68% e fechou a R$ 3,688. Foi o maior nível de fechamento desde 13 de dezembro de 2002, quando a moeda terminou o dia cotada a R$ 3,735, segundo a Reuters. No ano, o dólar acumula alta de 38,71%.

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