Crise começa a impactar mercado de trabalho e gera demissões

Redação PH

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crise econômica pode trazer oportunidades de investimento, avalia especialista

Crise começa a impactar mercado de trabalho e gera demissões

A pior crise hídrica dos últimos 84 anos que afeta a região Sudeste do País já começa a preocupar as empresas neste início de 2015. De acordo com especialistas consultados pelo R7, a falta de água pode ocasionar a dispensa de funcionários e até gerar demissões futuras.

Na última terça-feira (27), o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, afirmou que para a economia de água ser eficiente, a população deveria ficar cinco dias por semana sem nenhum tipo de abastecimento.

Diante dessa situação, a advogada trabalhista e empresarial Karina Kawabe explica que já foi procurada por empresas que preveem enfrentar dificuldades no futuro ao tentar conciliar falta d'água e produtividade no trabalho. De acordo com ela, os empregadores já observam que a escassez de água vai trazer perdas e outros problemas.

— Eles [empresários] estão se vendo em uma “sinuca de bico”, porque além de terem prejuízos pela própria falta da água e não ter a produção tradicional, eles agora têm que se preocupar com o que fazer com os seus funcionários quando não houver água.

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, culpa a “irresponsabilidade” pela atual situação enfrentada pelos sistemas de abastecimento. De acordo com ele, a região metropolitana de São Paulo e a cidade de Campinas, responsáveis por mais de 50% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial do Estado com mais de 40 mil empresas, já foram afetadas pela situação.

— Quando você tem um sistema hídrico no nível atual, mesmo as indústrias que captam [a água] em rios também tiveram suas fontes afetadas.

Para Antonio Carlos Soares, CEO do RunRun.it — software que mede a produtividade dos brasileiros —, a crise hídrica, junto com a grande quantidade de feriados e o racionamento de energia, são os fatores que mais preocupam o setor produtivo ao longo de 2015.

— Já é mais provável que vamos ter racionamento de água e de energia. Então, vai ser interessante verificar se isso vai causar impacto na produtividade […]. É quase certo que vai, mas temos que ver em que volume isso vai acontecer.

Direitos

Karina esclarece que o principal impacto da crise hídrica é a higiene básica dos trabalhadores, prevista pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Segundo a advogada, se não houver água nas torneiras e nas descargas, o empresário deve encerrar as atividades e considerar o dia como trabalhado.

— Uma solução alternativa, dependendo do segmento, é colocar o funcionário em home-office [para trabalhar de casa]. Se o ramo de atuação permitir, ótimo. Mas em outros casos, como no comércio, você dificilmente vai ter essa possibilidade.

Para a advogada, férias coletivas e a redução de jornada de trabalho com diminuição proporcional de salário são alternativas possíveis, desde que exista uma negociação entre os empresários e os respectivos sindicatos.

Demissões

O presidente da Fiesp admite que a crise hídrica, alinhada com o fraco desempenho da economia, pode agravar o corte de vagas no mercado de trabalho.

— No ano passado, o setor industrial brasileiro desempregou 165 mil pessoas e a economia neste ano não está diferente […]. Você já tem a falta de crescimento econômico, o desemprego e ainda vem agravado a falta de água.

Karina Kawabe, no entanto, afirma que em caso de demissão provocada pela falta de água para suprir as necessidades básicas dos trabalhadores, o funcionário tem condições de solicitar 50% da grana a que tinha direito.

— Se por esse motivo específico [falta da água] o empregador tiver que demitir seu funcionário, a gente consegue com base na CLT pagar metade das verbas rescisórias.

Normalmente, o funcionário demitido sem justa causa tem direito de receber 40% das verbas. A advogada explica que o valor mais alto para os casos de demissões ocasionadas pela escassez de água são consideradas “excepcionais e imprevisíveis, porque não dependem da vontade dos empresários”.

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