Conheça os mitos, riscos e benefícios de cada tipo de parto

Redação PH

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Conheça os mitos, riscos e benefícios de cada tipo de parto

Para esclarecer as principais dúvidas, os riscos e benefícios em relação a esse tipo de parto e também em relação à cesárea, o R7 conversou com alguns especialistas.

Quando é indicada a cesárea?

Para o pediatra Sylvio Renan, membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), a cesárea deve ser indicada em algumas ocasiões excepcionais.

— Por exemplo, quando há problemas maternos, como quadril estreito, hipertensão e doença materna grave, entre elas cardiopatia e doença renal crônica, e também para o feto, como posição pélvica, circular de cordão, sofrimento fetal, entre outros motivos. Ou seja, somente quando há risco efetivo para um ou para ambos.

Qualquer mulher pode optar pelo parto normal?

Segundo o ginecologista e obstetra Eduardo Cordioli, membro da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), a princípio não há nenhuma contraindicação.

— O parto é um fenômeno da natureza, por isso é sempre a primeira opção. Existem situações onde o parto vaginal não é possível, mas a recomendação médica, se não existe nenhuma contra indicação, é o parto normal.

O parto normal ocorre habitualmente quando o feto está plenamente maduro, no que se refere à formação completa dos pulmões, fígado, intestinos, sistema nervoso, sistema imunológico, pele e todo o organismo, explica Renan.

— É essa maturidade que irá permitir ao bebê enfrentar as dificuldades que encontrará no ambiente externo.

Quanto tempo dura um parto normal? É muito superior ao da cesárea?

O parto normal é dividido em duas fases: a fase latente, que dura cerca de dois dias, com as contrações e a preparação do colo do útero, e fase ativa, que pode demorar aproximadamente 12 horas, para a mulher que não teve outros filhos, explica o membro da Sogesp. Já a cesárea pode levar no máximo duas horas. O bebê nasce muito rápido.

— Mas a duração da preparação do parto normal é benéfica para o bebê. Ele é importante para o bebê se acomodar, para ter a expulsão do líquido amniótico do pulmão, diminuir as chances de a criança ter problemas respiratórios, mas tem casos em que isso não é possível.

Parto normal causa dor?

Segundo o ginecologista Gilberto Nagahama, do Hospital San Paolo, raramente o parto normal não causa dor, mas há maneiras de minimizar essa sensação.

— Existem diversos trabalhos que mostram que a dor do trabalho de parto pode, em algumas situações, ser aliviada por um bom acolhimento familiar e hospitalar. Em hipótese alguma o incômodo é de origem psicológica, mas parece que há uma relação direta entre o estado emocional e o limiar da dor

Hipertensas, diabéticas e portadoras de HIV podem fazer parto normal?

Segundo o presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), Etelvino Trindade, mulheres diabéticas ou hipertensas podem fazer parto normal, desde que estejam com a diabetes e a pressão alta controlados.

— No caso das mulheres hipertensas, existe esforço físico e, por isso, risco de comprometimento vascular, mas bem orientadas e medicadas sob controle da pressão arterial podem ter o parto normal. Já gestantes com eclampsia só podem ter bebê por cesárea, já que doença provoca convulsões e há risco de morte para a mãe e bebê.

Gestantes com HIV correm o risco de ter o bebê contaminado pela doença, independentemente do tipo de parto escolhido, explica o presidente.

— Existe a possibilidade de transmissão vertical, por isso, é necessário que todos os cuidados médicos sejam tomados

Quando o bebê é grande ou pequeno demais se deve fazer cesárea?

No caso de o bebê ser pequeno, muitos casos, podem ser por insuficiência placentária, ou seja, a criança não está recebendo os nutrientes enviados pela mãe. Nesses casos, a gravidez deve ser interrompida porque a criança corre risco de morte. Assim, recorre-se a cesariana, explica o presidente da Febrasgo.

Já nos casos de bebês grandes, a gestante poderá ter parto normal, desde que o tamanho de sua bacia seja compatível, ou seja, proporcional ao tamanho do bebê.

— Não é incomum parto normal de criança grande. O peso para se considerar como um bebê grande não é absoluto. Em média, passando dos 4 kg podemos considerar grande, mas em relação ao parto depende do tamanho da mulher. Exames clínicos definirão o melhor parto.

Apesar de compartilhar com a opinião do presidente da Febrasgo, Cordioli afirma que recomenda o parto cesárea de bebês acima de 4 kg.

— O porte físico da mulher não interfere nisso, o peso estimado do bebê entre 4 kg é indicado a cesárea, porque é mais seguro para o bebê. Com a cesárea, não existe chance de anoxia, falta de oxigênio, e de o ombro do bebê ficar preso levando à paralisia braquial [estiramento dos troncos nervosos]

A mãe tem bacia estreita (quadril estreito), logo deve fazer cesárea?

Existem mulheres que têm o quadril mais estreito. Mas isso não significa que elas só poderão ter bebê por cesariana, segundo o presidente da Febrasgo.

— Tudo depende do tamanho do bebê. Se a criança tiver o tamanho compatível com a bacia da mãe, é possível se fazer o parto normal. O médico indicará o melhor parto após realização de exames

Mulher que faz parto normal para ganhar bebê muito grande poderá sofrer com problemas urinários?

Quanto maior o bebê, maior a necessidade de usar instrumento para ajudar a retirar a criança, segundo explica Cordioli.

Por isso, há um aumento no risco de no futuro a mulher ter problemas urinários.

— Os problemas não aparecem logo após o parto, mas sim quando a mulher chega perto da menopausa.

Quando o bebê está com o cordão umbilical enrolado no pescoço, deve-se fazer cesárea?

Cordão enrolado no pescoço não é indicativo de cesárea. Apenas nos casos em que o cordão for muito pequeno pode atrapalhar a descida do bebê pelo canal de parto.

— Nesses casos, com estrangulamento do cordão, o bebê poderia sofrer com a falta de oxigênio, o que constitui risco de morte e/ou sequelas neurológicas para o concepto.

Para as mães não se preocuparem, em um exame de ultrassom é possível o médico acompanhar a situação do cordão umbilical.

A recuperação da cesariana é mais incômoda do que o parto normal?

As pacientes submetidas às cesarianas têm maior dificuldade na mobilidade e apresentam um aumento dos riscos ligados a qualquer cirurgia, como hemorragias, infecções, anestesias, entre outros, alerta o médico do San Paolo.

— A recuperação é o período em que o corpo da mãe e seus órgãos internos retornam ao estado anterior ao da gravidez. Esse fenômeno demora 42 dias. A grande diferença está nessa fase, que é mais delicada e dolorosa para as pacientes que foram submetidas cesárea.

Na opinião do pediatra, a recuperação do parto normal é melhor para a mãe, que poderá voltar a se locomover horas depois e retomar a rotina rapidamente.

— Após o parto (normal), o bebê não precisa de recuperação, mas sim de adaptação ao novo ambiente. E o contato entre mãe e filho é maior, pois se estabelece neste momento o vínculo maternal.

Bebês nascidos de parto normal são mais saudáveis?

Gilberto Nagahama afirma que os bebês nascidos de parto normal têm uma tendência a serem mais saudáveis, caso não ocorra nenhuma intercorrência no procedimento. De acordo com o Ministério da Saúde, a cesariana sem indicação médica pode aumentar 120 vezes os riscos dos problemas na respiração para o recém-nascido. Renan acrescenta que há pesquisas que já evidenciaram outros benefícios em longo prazo.

— Os recém-nascidos neste tipo de parto têm melhor desenvolvimento motor, respiratório e cerebral, inclusive em relação à memória, que a proteína UCP2, fundamental para o desenvolvimento do cérebro, tem ação melhor no desenvolvimento dos neurônios em bebês nascidos de parto normal que nos de cesárea.

A barriga fica mais flácida após a cesárea?

A barriga pode ficar flácida em ambos os partos, garante o ginecologista Renato de Oliveira. Isso depende muito mais de como a mulher se preparou durante a gravidez para fortalecer a musculatura abdominal. Em geral, dentro de seis meses a mulher volta a ter a barriga de antes, tanto após a cesárea quanto no parto normal.

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