Cerca elétrica de prisão de onde 10 fugiram não funciona há 1 ano

Redação PH

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presos filmam tortura a rival dentro de penitenciária

Cerca elétrica de prisão de onde 10 fugiram não funciona há 1 ano

A cerca elétrica e sensores de presença da Penitenciária Irmão Guido, zona rural de Teresina, estão há mais de um ano sem funcionar e teria facilitando a fuga de 10 presos na tarde do domingo (5). A denúncia é do diretor administrativo do Sindicato dos Agentes Penitenciários da Secretaria de Justiça do Piauí (Sinpoljuspi), Kleiton Holanda. Ele afirmou que há falta de manutenção no sistema de segurança do presídio.

Os detentos cavaram um túnel com três metros de comprimento, um metro de profundidade e 80 centímetros de largura para escapar do presídio. A fuga aconteceu logo após a visita. Até o momento nenhum dos presos foi recapturado.

Cerca elétrica não funciona e é no mesmo modelo das usadas em residências (Foto: Gil Oliveira/ G1)

"Estes e outros problemas foram informados para a atual gestão da Secretaria de Justiça, que chegou a caraterizar o sistema prisional do Piauí como estado de emergência, mas até o momento nenhuma medida foi tomada. É inadimissível o governo não poder instalar uma central que custa R$ 200 para que funcionassem os sensores de presença e a cerca elétrica, que deveria ser trocada porque segue o estilo residencial, ao invés da industrial", declarou.

Para Kleiton Holanda, os detentos aproveitam a falta de segurança e estrutura precária para fugir. Quatro fugas foram registradas somente este ano na Penitenciária Irmão Guido, sendo duas tentativas com buracos e uma com túnel. O penúltimo caso aconteceu há 20 dias, quando um detento que trabalhava na cozinha do presídio fugiu ao pular o muro. O homem só foi recapturado quando a polícia descobriu quatro homicídios cometidos por ele enquanto esteve fora da prisão.

Detentos chegaram a realizar princípio de motim
(Foto: Polícia Militar/Divulgação)

"É impressionante como a Diretoria de Inteligência só atua quando acontece algo e não antes para prevenir o pior. Dificilmente os presos que fogem são recapturados e na maioria das vezes eles voltam a cometer crimes", disse.

A ausência de agentes também é outro problema enfrentado pelos presídios do estado. Segundo o Sinpoljuspi, seria necessário pelo menos mais 600 servidores.

"Não temos guarda na área superior do presídio, faltam câmeras fora da área de segurança e os poucos agentes que temos trabalham sem rádio de comunicação. Ontem a fuga só não foi maior, porque o policial militar conseguiu supreender os presos tentando escalar o muro. Revoltados, eles ainda fizeram um princípio de motim, mas logo foi controlado", revelou.

Kleiton Holanda alertou também para a superlotação na penitenciária e disse que não há divisão entre detentos em regime fechado e provisório. "A Irmão Guido tem hoje 430 presos, sendo que a sua capacidade é para 300 do regime fechado, já sentenciados pela justiça. Só que a realidade é outra e o presídio acaba utilizando o seu espaço para presos provisórios, o que representa 70% das vagas", destacou.

Nota do governo

Sobre a segurança no presídio, a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) informou que desde o início do ano vem investindo mais de R$ 6 milhões na realização de obras de recuperação do sistema penitenciário do Piauí.

O plano de melhorias para o sistema prisional inclui revestimento de paredes de alvenaria nos presídios; reforço das celas das grades; reforço das calçadas em torno dos pavilhões; telamento dos pavilhões; aquisição de mais de 2.500 metros de cerca de arame farpado e elétrica; 72 novos detectores de metal; aquisição de novas armas para os agentes, bem como o fornecimento de cursos de capacitação para os servidores penitenciários.

Para reduzir a superlotação dos presídios, deve ser entregue até o final deste semestre a Casa de Detenção Provisória de Altos. A nova unidade prisional do estado vai garantir a abertura de 136 novas vagas no sistema, representando um investimento de mais de R$ 3 milhões do Governo do Estado.

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