Após um ano da Copa, Cuiabá ainda convive com 19 obras paradas

Redação PH

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Após um ano da Copa, Cuiabá ainda convive com 19 obras paradas

Exatamente um ano após o início da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, evento do qual a capital mato-grossense foi uma das cidades-sede com bom desempenho para turistas e visitantes, a população da região metropolitana de Cuiabá ainda convive com 20 obras inconclusas atrapalhando o trânsito, os pedestres e limitando a qualidade de vida local. Apenas uma das obras atrasadas está atualmente sendo retomada e o governo do estado fala em fazer o mesmo com ao menos outras doze obras paradas ainda em 2015. Enquanto isso, os problemas envolvendo as obras ainda rendem desdobramentos em auditorias, investigações, ações judiciais e relatórios técnicos.

Apesar de ter começado a se preparar para o evento mundial três anos antes dele, um ano após sua realização a capital mato-grossense atualmente tem sua estrutura urbana comprometida pelos atrasos, os quais acometeram a execução de todas as obras lançadas para preparar a cidade. Além dos atrasos da execução em si dos projetos, o pacote de intervenções ficou seriamente prejudicado pelos atrasos ocorridos por problemas técnicos, burocráticos ou judiciais em relação aos projetos.

As falhas na condução das obras públicas ficaram evidentes durante e após a Copa, como mostram alguns exemplos: os quatro jogos marcados para Cuiabá foram realizados na Arena Pantanal sem que o estádio tivesse mesmo sido oficalmente concluído e entregue ao governo do estado, situação que ainda ocorre com as partidas que vêm sendo disputadas no local; o aeroporto Marechal Rondon foi utilizado por delegações e visitantes com obras ainda em andamento, como ainda ocorre hoje; o Centro Oficial de Treinamento (COT) do campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi utilizado pelas seleções da Nigéria e da Coréia do Sul sem mesmo chegar a 74% de conclusão (pela falta de um local adequado, as demais seleções treinaram em outras cidades do país antes de desembarcar em Mato Grosso) e as obras do centro foram paralisadas em seguida; e o principal meio de transporte prometido para a época, o metrô Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), permanece com seus vagões estacionados no futuro centro de controle em Várzea Grande.

Números pós-Copa

Um ano após a realização do mundial da Fifa, a Grande Cuiabá ainda não assistiu à conclusão sequer de 65% do pacote de 31 intervenções prometidas e contratadas por licitação. O principal símbolo deste atraso é a implantação do VLT, licitada por R$ 1,477 bilhão.

Envolta em suspeita de fraude no Ministério dos Transportes, a escolha pelo modal de transporte para atender à demanda da Copa do Mundo já custou R$ 1,06 bilhão aos cofres públicos do estado, segundo a Secretaria de estado de Cidades (Secid). A obra, que deveria ter sido executada até março de 2014, hoje é objeto de desentendimento entre o estado e o consórcio responsável na Justiça.

Ambos estão em processo de conciliação que deverá definir se as obras serão retomadas e, caso positivo, a partir de quando e com que prazo. A Secid não tem números oficiais que apontem o quanto a obra física avançou até ser paralisada no ano passado, ao fim da gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). O consórcio responsável alegou falta de pagamentos para paralisar a execução.

Hoje, os trabalhos inacabados da implantação do VLT afetam quase todos que dependem do trânsito ou que passam pelas principais regiões de Cuiabá e Várzea Grande. Projetado para constituir um 'Y' com 22 quilômetros de trilhos entre as duas cidades, o sistema de transporte ainda não teve nem um terço da estrutura instalada, mas o consórcio já demoliu canteiros centrais de avenidas como a Historiador Rubens de Mendonça, uma das principais da capital mato-grossense.

Fora o VLT, o estado se comprometeu a realizar mais de R$ 933 milhões em investimentos em outras 30 obras para a Copa do Mundo – sete obras de melhoria viário no entorno do estádio Arena Pantanal, seis obras de travessia urbana em avenidas com recursos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (Dnit), oito obras de desbloqueio viário e outras nove obras chamadas de “legados” para a infraestrutura urbana, incluindo o estádio e os COTs.

Dessas 30 obras, apenas 11 chegaram a ser concluídas e oficialmente entregues ao governo do estado: as duplicações da ponte sobre o Rio Pari (na estrada Guarita), da ponte sobre o Rio Cuiabá na Rodovia Mário Andreaza e da Avenida Juliano Costa Marques; a construção da trincheira Ciríaco Cândia, do viaduto do Despraiado, do muro limítrofe do Aeroporto; as duas pontes sobre o Rio Coxipó nas ruas dos Eucaliptos e na Antônio Dorilêo e a ponte sobre o Córrego Gumitá; a pavimentação da Avenida Camboriú; e o prolongamento da Rua dos Eucaliptos. Os valores de todas as 11 obras concluídas compreendem apenas 6,83% do valor do pacote de obras, fora o VLT.

Inacabadas, mas em uso

Dentre as 19 inacabadas, outras dez obras estão atualmente com status de conclusão muito próximos do fim. E, embora encontrem-se com os trabalhos paralisados, de certa forma todas têm tido suas estruturas em uso por parte da população e do trânsito.

Segundo o último relatório da Secid, as obras nesta situação são: as duplicações da Estrada da Guarita (96,2%) e da Rodovia Mário Andreazza (95,5%); a restauração das ruas no entorno do estádio (90,5%); a construção das trincheiras Jurumirim (97,8%), Santa Rosa (88,3%) e Verdão (91,6%); a implantação de nova iluminação nas vias urbanas da cidade (93%); e a construção da Arena Pantanal (97,8%) com a instalação dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação (91%) e de mobiliário esportivo do estádio (94%).

Nem tão próximas do fim das obras mas continuamente utilizadas pela população estão estruturas como o Aeroporto Marechal Rondon (cuja ampliação está em 72,7%), a Avenida Arquimedes Pereira Lima (duplicação em 79,7%), a Avenida 8 de Abril (restauração em 64,9%), o complexo viário do Tijucal (construção em 78,7%), o complexo da Avenida da FEB (com obras do Viaduto Dom Orlando Chaves e entorno em 67%).

Ainda distantes da conclusão e sem uso por parte da população estão as obras de implantação da Avenida Parque do Barbado (71,2%) e a construção do COT da Barra do Pari, em Várzea Grande (69,2%), a construção do COT da UFMT (74%), sem contar o VLT.

Retomada

A única obra atrasada da Copa e que atualmente já teve seu andamento retomado na Grande Cuiabá é a de contenção do Morro do Despraiado, localizado próximo ao viaduto de mesmo nome na Avenida Miguel Sutil. O governo retomou a obra quando ela já tinha chegado até os 63,1% e a expectativa é de que ela seja concluída em cinco meses.

Ainda este ano a Secid, que “herdou” os projetos parados da antiga Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), pretende retomar outras dez obras: as duplicações da Rodovia Mário Andreazza, da Estrada da Guarita e da Avenida Arquimedes Pereira Lima; a restauração das ruas no entorno do estádio; o complexo viário do Tijucal; as trincheiras Jurumirim, Santa Rosa e Verdão; o complexo da FEB; e o novo sistema de iluminação.

O estado também pretende este ano concluir, em até dois meses, adequações no entorno do Aeroporto Marechal Rondon para que a obra possa ser retomada pela Infraero, conforme aditivo contratual assinado pela Secid.

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