Aos 296 anos, Cuiabá ‘pós-Copa’ vive cenário de canteiro de obras e crise

Redação PH

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Aos 296 anos, Cuiabá ‘pós-Copa’ vive cenário de canteiro de obras e crise

Nesta quarta-feira (8), pela primeira vez desde o anúncio de que seria sede da Copa do Mundo da Fifa, Cuiabá comemora seu aniversário sem ter pela frente os desafios inéditos de um evento mundial.

Com o fim do ciclo da Copa, em função do qual a população viveu e se preparou por pelo menos quatro anos, a capital mato-grossense entrou em 2015 iniciando o trajeto rumo aos três séculos de existência, mas ainda na tentativa de concluir a maior parte das obras de infraestrutura lançadas para o mundial e sem conseguir superar problemas urbanos elementares, como nos serviços de saneamento básico, em meio a um cenário de crise financeira já admitido pela Prefeitura.

Por outro lado, aos 296 anos, a cidade não parou de se expandir durante a “ressaca da Copa” (embora em menor ritmo), com a realização de investimentos imobiliários em três de suas quatro regiões. E, apesar dos problemas estruturais, pesquisa recente apontou satisfação de 77% dos cuiabanos por residirem na capital do estado.

Obras

No quesito infraestrutura, mesmo após a Copa Cuiabá ainda não conseguiu realizar seus projetos mais ousados de mobilidade urbana, mas também está prestes a se tornar tricentenária sem ao menos ter resolvido seu déficit de saneamento básico.

De todo o pacote de intervenções prometidas para a Copa do Mundo, 22 obras ainda estão em andamento ou atrasadas na capital.

A principal delas, a de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), já comprometeu a estrutura de algumas das principais artérias da cidade – as avenidas Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA), Tenente Coronel Duarte (Avenida da Prainha) e Fernando Corrêa da Costa – sem previsão de término. Também foram detectadas falhas em construções na Avenida Miguel Sutil e na totalidade dos trabalhos parados que, até hoje, dão o aspecto de canteiro de obras à capital.

Saneamento

Se a mobilidade é um problema de metrópole que Cuiabá precisa enfrentar, carências elementares da área urbana ainda perduram aos 296 anos. Por baixo da terra, também estão pendentes obras que há muito tempo deveriam ter universalizado e regularizado a coleta de esgoto em Cuiabá.

Pesquisa realizada em 2014 pelo instituto Trata Brasil, com base em dados oficiais, mostra que a cidade atende a apenas 38,36% da população com coleta de esgoto. Dentre as 100 maiores cidades do país, a capital mato-grossense figura na 73ª colocação no Ranking do Saneamento elaborado pelo instituto.

Crise financeira

Cenário previsto no Brasil, a crise financeira e a queda de arrecadação dos municípios já é realidade na capital mato-grossense. Segundo admitiu o prefeito Mauro Mendes (PSB) às vésperas do aniversário de Cuiabá, o ano de 2014 teve uma queda de 5% na arrecadação municipal, resultado da crise e da inadimplência do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU).

Agora, com a arrecadação deficitária em 2014 e com prognóstico negativo para este ano, o prefeito afirma que ficam inviáveis soluções estruturais necessárias para a cidade devido ao corte de gastos.

Crescimento continua

A despeito da crise já sentida na administração municipal, o setor imobiliário ainda impulsiona o crescimento da cidade, mesmo que com ritmo decrescente.

Pesquisa de mercado do sindicado das empresas imobiliárias da Grande Cuiabá (Secovi) aponta que, de 2012 a 2014, as incorporações residenciais verticais na região somente cresceram (de 37 torres em 2012 para 96 em 2013 e 107 em 2014). Os empreendimentos tendem a continuar até 2017, segundo projeção do mercado – para 2015, são previstas 79 novas torres; para 2016, 38; para 2017, apenas sete.

Ou seja, embora com ritmo decrescente, a cidade ainda tende a crescer nos próximos anos. Segundo o mercado, na capital a principal frente em expansão é a região Oeste (que abrange bairros como Despraiado, Alvorada, Quilombo, Jardim Cuiabá, Jardim Mariana e Cidade Alta), com empreendimentos comerciais e residenciais até 2017.

Satisfação do cuiabano

Apesar dos problemas de infraestrutura e das demais dificuldades de região metropolitana que Cuiabá vive, a população local (estimada em 575.480 pessoas) se diz satisfeita.

Pelo menos é o resultado de pesquisa recente divulgada nesta terça-feira (7) pelo Instituto Vetor, cujo levantamento aponta 77% dos moradores contentes com a capital mato-grossense. Foram entrevistados 500 chefes de família e apenas 17% se disseram insatisfeitos com as condições de vida na cidade. A hospitalidade das pessoas foi apontada como um ponto positivo da cidade por 33% dos entrevistados.

Por sua vez, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação ligada à Presidência da República, divulgou em pesquisa do final de 2014 que Cuiabá detém o 92° melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) dentre os 5.565 municípíos brasileiros, incluindo-se no último segmento da lista das 100 cidades do país com melhores condições de renda per capita, longevidade e educação no “Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras”.

Conforme o estudo do Ipea, com dados referentes ao ano de 2010, Cuiabá detém IDHM de 0,785 – valor que se situa na faixa de alto desenvolvimento. É o maior índice registrado entre municípios de Mato Grosso, superando por pouco o de Lucas do Rio Verde (a 360 km da capital), com 0,768, melhor índice do estado após o da capital.

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