Com a recessão do Brasil, a América Latina terá, neste ano, seu pior desemprenho em seis anos, com uma queda de 0,4%, em um cenário que apenas se recuperará em 2016, com uma pequena expansão de 0,2%, de acordo com a Cepal.
"As economias da América Latina e Caribe terão retrocesso de 0,4% em média em 2015 e crescerão somente 0,2% no ano que vem, impactadas por um complexo cenário externo", disse a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal), organismo técnico das Nações Unidas, ao entregar um balanço anual.
A contração das economias latino-americanas, que tiveram seu pior desempenho desde 2009, "foi consequência do menor dinamismo exibido pelas economias da América do Sul, que passaram a registrar uma expansão como grupo de 0,6% em 2014 a uma queda de 1,6% em 2015", explicou a Cepal.
O resultado sub-regional foi "muito influenciado" pelo recuo da economia brasileira, a maior da região, que se contraiu 3,5%, junto à significativa queda economia da Venezuela, que caiu 7,1%.
As economias sul-americanas em seu conjunto resistiram à brusca queda no preço das matérias-primas, especialmente dos metais, da energia e dos produtos agrícolas, somado a um baixo dinamismo do investimento e do consumo interno, explicou a Cepal.
"Confirmamos o fim do super ciclo das matérias-primas", que por anos puxaram o crescimento da região, cujas exportações neste ano caíram cerca de 14%, disse Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, em coletiva de imprensa depois de entregar o relatório anual.
Por outro lado, os países centro-americanos e caribenhos se viram favorecidos pela queda dos preços das matérias-primas, especialmente do petróleo.
"Pequena recuperação"
Para 2016, o cenário não é muito alentador.
A Cepal prevê uma "pequena recuperação de 0,2%", liderada pelo crescimento das economias de Panamá (6,2%), República Dominicana (5,2%) e Bolívia (4,5%).
A cautela, contudo, deve imperar, pois "ainda persistem sérios riscos que poderiam modificar essa trajetória" de recuperação das economias desenvolvidas, advertiu a Cepal.
"Persiste a incerteza sobre a China – um dos principais parceiros comerciais da região -, país que continuará desacelerando até os 6,4%", advertiu a Cepal.
Além do fraco crescimento do comércio global (1,5% em 2015 e 2,5% estimados para 2016), os preços das matérias-primas que a região exporta "se manterão baixos". Assim, a América Latina voltará a apresentar uma deterioração dos termos de troca, principalmente os países exportadores de petróleo e minerais, acrescenta a Cepal.
Para 20016, a Cepal prevê uma queda de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e de 7% no caso da Venezuela.
No caso da Argentina, a Cepal teve que ajustar em baixa suas perspectivas para o ano que vem, depois das recentes medidas econômicas anunciadas pelas novas autoridades, como o fim da banda cambial.
Inicialmente, previa-se para a Argentina uma expansão em 2016 de 1,6%, mas as novas medidas "nos obrigam a ter um panorama menos otimista", anunciou Alicia Bárcena.