ALMT articula e população debate pantanal de Santo Antônio e Barão

FABLICIO RODRIGUES / ALMT

ALMT articula e população debate pantanal de Santo Antônio e Barão

Cerca de   200 pessoas, entre políticos, representantes da trade turística, militantes de defesa do pantanal, pescadores e população em geral,  participaram na noite de ontem (3) de Audiência Pública realizada na Escola Estadual Rural Santa Claudina no distrito de Mimoso (distante 119 quilômetro de Cuiabá) , em  Santo Antônio de Leverger.

Os presentes debateram a viabilidade socio-economicol e ambiental da região do pantanal pertencente aos municípios de Santa Antônio de Leverger e Barão de Melgaço.

A população foi enfática em apontar as reivindicações locais, mas também em dizer o que não querem. ‘Foi o início de um debate importante, precisamos chegar a um consenso nos temas de interesse do pantanal e vamos ampliar o debate realizando essa mesma Audiência Pública em Cáceres e Poconé”, anunciou o deputado Allan Kardek, autor da proposta de debate. Foi um debate importante, com todos os envolvidos presentes e uma ampla participação”, emendou Wilson Santos.

Entre as necessidades apontadas estão qualidade na oferta de energia, internet e telefonia além da necessidade de que as cidades de Cuiabá e Várzea Grande “trate seus esgotos que são jogados nos rios e deságuam no pantanal, em Santo Antônio.

O esgoto in natura despejado no rio Cuiabá está acabando com  o pantanal”, afirmou o presidente da Câmara de Santo Antônio de Leveregr, Hugo Padilha. “Cuiabá e Várzea Grande precisam tratar seus esgotos para que eles não cheguem ao pantanal”, reiterou o prefeito de Leverger, Valdir Costa, o Valdizinho (PSD).

Sobre a oferta de energia, o coordenador de telefonia da Ager Thiago Alves Bernardes,  admitiu que,  de fato, a reclamação sobre o atendimento em energia na região é considerável e já levou a Ager a buscar resposta junto a energisa.

Ele admitiu que a empresa energisa melhorou o atendimento no inicio de suas atividades no ano de 2014, mas que atualmente declinou, principalmente no tempo de resposta às demandas, ou seja, registra grande demora nos atendimentos.  ” A energia está ruim nesta região mesmo e estamos cobrando da empresa”, admitiu.  A direção da Energisa havia confirmado presença, mas não compareceu ao debate.

Entre as divergências locais, está ainda,  a manutenção e funcionamento de PCH (Pequena Central Elétrica) no Pantanal. Os  moradores alegam que a PCH Montovilis prejudica o volume d´agua do rio mutum e seu afluente, o rio madeira e o curso d´agua na baia de Siá Mariana, além de interferir negativamente na atividade pesqueira.

“ A PCH, definitivamente, interfere, mexe com todo ciclo de vida do Pantanal. Então não dá mais para fazer nenhuma PCH no Pantanal”, defendeu a ativista Ingrid Leite, do Instituto Gaia de Cáceres, ao pedir que “se encontre outras formas de geração de energia.

A empresária Alice Galvão do Nascimento defendeu que ‘hoje com tanta tecnologia, não precisamos gerar energia agredindo a natureza, só tendo ganhos financeiros para o grupo da PCH, não  tendo ganho social, nem ambiental, nem financeiro para a comunidade local”.  Entre as sugestões dadas pela comunidade presente ao debate está a energia solar.

Por outro lado, o engenheiro Rubem Mauro Palma de Moura, um dos representantes da PCH Montovilis alegou que há uma desinformação à sociedade. Segundo ele, a hidrelétrica está situada na descida do planalto para a planície pantaneira, dentro da baia do alto Paraguai e rio mutum que não siriam áreas pantaneiras.

“No pantanal nem daria para fazer uma PCH porque a declividade é muito pequena”, disse ele. Outro aspecto apontado por ele, é que a água utilizada pela PCH passa pelas turbinas e retornam ao leito do rio sem nenhuma alteração em sua qualidade ou quantidade. Ainda segundo ele, “atividades agrícolas que utilizam agrotóxico é que agridem o meio ambiente e não uma PCH”.

Além do debate, a audiência pública foi marcada pela leitura de uma carta aberta na qual membros da família Rondon, descendentes do Marechal Rondon se posicionam contra a existência de PCHs em toda região pantaneira.

A carta foi redigida por Elizabete Rondon Amarantes, que reside, no rio e foi lida por uma professora. Para que os temas possam ser mais amplamente debatido o deputado Allan Kardec decidiu realizar mais duas audiências públicas, para ouvir as comunidades de Cáceres e Poconé. As datas ainda serão anunciadas.

SEMANA DE RONDON

A realização da audiência pública é parte de uma ampla programação que foi iniciada no dia 2 e prossegue até 5 de maio, em Mimoso, como parte da celebração da Semana de Rondon. Entre as atividades, na Escola Rural Estadual  Santa Claudine, cujo nome homenageia a mãe de Marechal Rondon, estão sendo realizadas palestras, olimpíadas do saber e corrida.

No sábado as comemorações se encerram com uma Sessão Solene Especial da Câmara Municipal  de Santo Antônio de Leverger, também na Escola Santa Claudine.  Dia 5 é Dia do Marechal  Rondon em todo o Brasil.

Nascido em Mimoso, ele ficou imortalizado na história do Brasil como um importante militar e sertanista brasileiro.Entre as principais obras de Marechal Rondon está a idealização do Parque Nacional do Xingu, assumindo o cargo de Diretor do Serviço de Proteção ao Indígena. Mais o trabalho de maior destaque dele foi a expansão das comunicações no Brasil, principalmente através do sertão desconhecido.

Marechal Rondon abriu estradas e levou o telégrafo aos cantos mais distantes do território. Daí, o dia 5 de maio também se comemorar o Dia das Comunicações no Brasil, em homenagem ao nascimento de Marechal Rondo, personalidade que chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz, em 1957.

+ Acessados

Veja Também