Alemão ferido em explosão no Rio segue internado em estado grave

Redação PH

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presos filmam tortura a rival dentro de penitenciária

Alemão ferido em explosão no Rio segue internado em estado grave

O alemão Markus Muller, que ficou ferido na explosão de seu apartamento em São Conrado, Zona Sul do Rio, no domingo (7), segue internado em estado grave, mas estável no Hospital Pedro II, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde. Em uma imagem obtida com exclusividade pelo"O Globo", o estrangeiro aparece enfaixado e respirando com a ajuda de aparelhos.

Na sexta-feira (22), o RJTV mostrou cenas das câmeras de segurança do edifício Canoas, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. Das 24 instaladas no prédio, pelo menos três mostram o momento em que o alemão Markus Muller chegou sozinho ao edifício, no domingo (17), noite antes da explosão.

O primeiro vídeo é da câmera na entrada da garagem. O alemão chegou em casa em um carro importado preto. Como os vidros são filmados, não dá para perceber se há mais alguém dentro do veículo. O vídeo tem 50 segundos até o fechamento completo do portão.

O alemão Markus Muller (Foto: Reprodução / Globo)

O segundo vídeo é da câmera de dentro da garagem, registrado às 19h. O alemão estaciona o carro na vaga e demora 20 segundos até descer. Ele parece verificar se o carro está fechado. Markus Muller vestia calça comprida e camisa azuis, e carrega em uma das mãos o que parecia ser peças de roupa.

O terceiro vídeo mostra a imagem do elevador. A gravação é de 19h21. Markus Muller entra no elevador e toca o décimo andar. Ele mexe nas chaves, parece procurar a da porta de casa. Arruma o cabelo e se olha no espelho. Na imagem é possível ver que nas mãos ele carrega, além das roupas, uma sacola plástica. Novamente ele separa a chave, passa a mão no cabelo e, 45 segundo depois, o elevador chega ao décimo andar, onde Markus desce. O síndico entregou essas imagens à polícia na tarde desta sexta-feira.

“Absolutamente sereno, absolutamente controlado, sem nenhum problema. E a imagem é melhor que palavras. Isso está sendo a mão da polícia agora, para que ajude nesse quebra-cabeça. Fechar isso”, disse o síndico, Jorge Alexandre de Oliveira.

Polícia quer entender a rotina do alemão
Os investigadores já pediram imagens dos dias anteriores para entender a rotina do alemão.
As últimas imagens de Markus antes da explosão foram registradas no elevador já que nos corredores de entrada dos apartamentos não há câmeras. A polícia investiga se ele tem seguro de vida e se alguém movimentou a conta bancaria dele nos últimos dias.

No apartamento foram apreendidas facas, um laptop e dois celulares. Até agora, cinco pessoas prestaram depoimento. A dona do apartamento onde Markus morava disse em depoimento que ele pagava o aluguel em dia, as vezes, antecipadamente.

A polícia já sabe que o alemão Markus Muller era um olheiro, um empresário de futebol que buscava talentos no Brasil. Uma mulher, que pediu para não ser identificada, contou na delegacia que Marcus era empresário do filho dela, de 14 anos, e de vários outros meninos.
Ela disse que eles se conheceram há quase três anos, na escolinha de futebol da Rocinha. O filho tem um contrato assinado com o Alemão. “Ele recebe agora um custo de R$ 300”, disse ela.

Alemão teria se queixado de cheiro de gás
A mãe disse também que o filho frequentava o apartamento de Markus e que o alemão chegou a se queixar do cheiro de gás. “Ele falava do fedor de gás, dizia que o cheiro vinha da cozinha”, afirmou.

Peritos descobriram que aquecedor do banheiro estava com uma mangueira solta. A mulher, que prestou depoimento, descreveu Markus como uma pessoa que gosta da vida. E que não teria motivos para tentar se matar. “Ele não tinha inimigos, gente boa, que ajudava muito as pessoas.”

A mulher contou ainda que Markus tem três filhos biológicos. Dois moram na Alemanha e um, de quatro anos, no Rio. Ele também teria adotado um rapaz na cidade.

Na explosão, o alemão ficou com 50% do corpo queimados e permanece internado em estado grave. Médicos que atenderam Marcus no hospital Miguel Couto relataram que ele disse ter sido vítima de um assaltante, que o torturou e explodiu o apartamento. O alemão tem cortes pelo corpo, que pode ser de facadas ou de estilhaços da explosão.

Relato de assalto
Markus Müller disse aos médicos, assim que chegou ao hospital, que foi torturado por um assaltante e que este criminoso teria feito ameaças de explodir o apartamento.

O diretor do Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, para onde o alemão foi levado depois da explosão, disse que ele chegou à unidade agitado e repetindo a mesma história.

"Ele disse que um homem teria entrado no apartamento querendo um relógio Rolex dourado, querendo dinheiro e ficou durante a noite torturando com uma faca, provocando lesões pelos braços e pelo corpo e que depois disso tudo ameaçou que ia explodir tudo”, disse o diretor do hospital, Luiz Alexandre.

O alemão contou um outro detalhe: “Ele teria dado uma bebida avermelhada para ele antes de dizer que iria explodir tudo. A equipe médica pensa em duas hipóteses: ou realmente a história é verdadeira ou ele teve algum tipo de surto psicótico”, explicou o médico.

O diretor do Hospital Miguel Couto não descarta a possibilidade de ele ter sido esfaqueado. "Eram lesões longitudinais, superficiais e não eram de explosão, lembra muito uma arma branca, faca, compatível com a história que ele conta. Agora se foi provocado por alguém, é muito difícil saber, a polícia está investigando.”

Apartamento em São Conrado
(Foto: Tarso Ghelli/ Prefeitura)

Porteiros depõem
Os dois porteiros que trabalhavam na madrugada da explosão afirmaram em depoimento que o alemão chegou sozinho em casa e não recebeu visitas. A polícia encontrou facas no apartamento e apreendeu o material para ver se elas são compatíveis com os ferimentos.

Os investigadores também querem descobrir por que apenas o corpo do alemão pegou fogo na explosão, sendo que não há nada queimado no resto do apartamento.

A polícia investiga o motivo de o consumo de gás no apartamento aumentar drasticamente nos seis dias que antecederam a explosão. Do dia 12 ao dia 18 de maio foram consumidos 30 metros cúbicos de gás, quando a média mensal era de seis metros cúbicos. A Ceg informou que esse aumento reforça a tese de que o rabicho do aquecedor foi retirado da parede e que o acidente não foi provocado por falta de manutenção.

Chamas em movimento eram vítima, diz perito
Luciano Ferrari, funcionário da obra do metrô, em São Conrado, gravou um vídeo minutos depois da explosão. Nele é possível ver um clarão dentro do apartamento e, logo depois, um foco de incêndio aparece na varanda do décimo andar e parece se movimentar.

A pedido do RJTV, o perito Nelson Massini, coordenador do Laboratório de Ciências Forenses, da Universidade do Estado doRio de Janeiro(Uerj), analisou o vídeo.

“A chama está se movimentando, e a única coisa que pegou fogo naquele ambiente foi ele, com as vestes que usava. Podemos dizer que foi ele mesmo que saiu e circulou, veio para a varanda, voltou e sentou naquela cadeira depois da explosão”, disse o perito.

Imagens mostram fogo em imóvel que explodiu em São Conrado, no Rio (Foto: Reprodução/TV Globo)

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